Na madrugada, a sobra dos líquidos nos copos sobre a pia, a dor curtida no meio das costas grita de leve para te lembrar que ainda está lá e boa noite, todos estão suando apertados numa festa tua mente imagina e se eu beber? falta água para dissolver aquele cristal no rim...mas amanhã, quem sabe? vou acordar cedo para ver o sol nascer, só o vejo queimar minha pele pousando, sempre o perco. Bom é música sem voz de vez em quando e eu fico falando nela inteira, 2minutos e 16segundos, me recordo daquele livro cor pastel que eu parei e marquei a parte da guerra e a fumaça na praia. Meio-morto o nome da música, antes eu pensava em montanhas, hoje é só calçada.
Os móveis baixos e amadeirados. Cair na cama te distanciava do teto e eu estendia assim o braço e caia para trás. E Laura ali, loira, loira como um pintinho, encolhida no canto do quarto. Mas...quem te fez isso? E você espera sangue mas eram fios finos e longos. Desculpa, eu...Não precisa chorar. Me dá sua mão. E é aquela mão de leite, aquela unha que não cresce. O sol entra tímido pela veneziana que insiste em ser verde. Já faz duas semanas que a poeira vem se aprumando, logo vai reinar. Estou aflito. Laura também já percebeu. Hoje os últimos biscoitos da lata. Ela me olhou após tomar o copo de leite, dente de leite. Quando vi, tinha pegado a tesourinha de costura, cortou tudo, pintinho. Você espera sangue, mas essa dor injetada precisa ser sólida? Vem cá, Laura, levanta daí, vamos fazer biscoitos? É linda, como mamãe. Os móveis baixos, tão perto de nós. Nenhum bilhete. Laura sorri e a mim basta.
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