Queria estar naquele corredor onde ela se arrasta, lânguida, a cabeça pendendo para trás como se eu a cavalgasse. Mais que os lábios que não deveriam estar ali, a voz, a rouquidão de uma garagem devastada emergindo desse rosto renovado e jovem. Caem pedaços do teto, ela diz 'mais devagar' e prende a respiração. Um cisne rosa e eu me deito, sôfrego. Todo o telhado já está desfeito, engulo sua mão e olho a noite.
Eu precisava de um momento de paz, sem pensar em fibras para compor a refeição. Sem pensar que o azeite acabou. Eu vejo que não me interesso mais por estes filmes tão penosos, tão longe. As opções são vastas; tenho preguiça de descrevê-las. Falam tanto (digitam) sobre séries como se tivessem surgido como uma cura para os males da alma. Na verdade, eu sei, é o acesso que chegou às massas, finalmente engoliremos os enlatados sentados à mesa posta. Esta vida que não é a minha, este espetáculo que parece ter sido escrito pessoalmente para mim. O que será que fiz para merecer ? ou talvez eu apenas esteja muito atrasada. Que horas é o chá?
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